É com algum desagrado que ao fazer o balanço de mais um ano futsalístico, dou conta que a modalidade que milhares de amantes reúne em Portugal tem vindo a perder protagonismo. Além de se ver cada vez menos espectadores nos pavilhões, as transmissões televisivas pouco ajudam, visto que, a escolha dos jogos a ser transmitidos não se coadunam com os aspectos desportivos. É necessário que as entidades responsáveis tomem consciência que é preciso sustentabilidade para que o Futsal cresça, senão, poder-se-á correr o risco de uma regressão muito prejudicial para a modalidade.
Benfica confirmou hegemonia
O ano que findou fica, indubitavelmente, marcado por mais um título nacional conquistado pelo Benfica. O “mal amado” Beto Aranha substituiu Adil Amarante a meio da temporada e, numa equipa onde figurava a base da Selecção Nacional mais César Paulo, conduziu as águias à conquista do ceptro, batendo na final o Belenenses.
Apesar de terem perdido na final, os azuis do Restelo foram, sem qualquer dúvida, a grande sensação da temporada, dando uma nova frescura a um campeonato cada vez mais equilibrado. Alípio Matos construiu uma equipa sem grandes nomes e colocou os «conquistadores» nas fases de todas as decisões, sucumbindo, apenas, ao poderio dos gigantes de Lisboa. No campeonato ao do Benfica e na Taça de Portugal ao do Sporting.
A nível feminino o Benfica voltou a revalidar o título de campeão nacional, ainda sob o comando de Vera Bettencourt. Nas camadas jovens o Freixieiro passeou classe, infringindo goleadas atrás de goleadas até à conquista das Taças Nacionais de Juniores e Juvenis.
Sem hipóteses na Europa
A nível internacional, o Futsal português voltou a ficar muito aquém daquilo que era desejado. O Benfica foi eliminado na fase de Elite da UEFA Futsal Cup pelo Dínamo de Moscovo (época 2007/08) e agora pelo Inter Movistar (2008/09) ficando arredado da fase das decisões da mais importante prova europeia. Os russos do Viz Sinara surpreenderam, os menos atentos à sua evolução, com a vitória na final da edição passada frente ao detentor do título, o Dínamo de Moscovo, e estão novamente apurados para a final four, juntamente com os rivais moscovitas, o Inter Movistar e o Kairat Almaty.
Na Recopa o Sp. de Braga/AAUM foi o representante português em prova, tendo tido uma participação modesta. Este ano com a participação do Sporting, o sonho de uma equipa lusa conquistar uma prova europeia volta a ter razão de ser.
Frete italiano origina fracasso no ano do Brasil
A nível de Selecção Nacional, o ano fica marcado pelo fracasso no Campeonato do Mundo Brasil 2008. Portugal foi arredado na fase de grupos, sendo afastado pelo Paraguai e Itália, respectivamente. Os lusos até venceram três dos quatro jogos em que estiveram inseridos, mas o frete italiano contra o Paraguai ditou o afastamento precoce. Pode ser que no ano de 2010, quando se disputa o próximo Europeu, esteja aqui a escrever sobre a “vingança” lusa aplicada à Squadra Mafiosa.
No mesmo mundial, o Brasil colocou um ponto final na hegemonia espanhola ao vencer o jogo da final, através das grandes penalidades, num encontro entre as duas melhores selecções mundiais.
César Paulo assumiu plano de destaqueSem esquecer a “magia” de Ricardinho, os golos de Cardinal, a qualidade de Caio Japa, o delicioso sabor a Café e o brilhantismo de Divanei, o grande destaque do ano que agora termina vai para César Paulo. O pivot contratado no início no mercado de Inverno pelo Benfica revelou-se decisivo para a conquista do ceptro. Era a peça principal na manobra da equipa comandada por Beto Aranha. Jogou e fez jogar com pura classe, marcou muitos golos e deu outros tantos a marcar. Simplesmente influente.A nível internacional Falcão voltou a centrar as atenções. O artista brasileiro conseguiu, finalmente, ajudar a quebrar a hegemonia espanhola, contribuindo decisivamente para a conquista do ceptro mundial, depois de já se ter sagrado campeão da Liga Brasileira. Tiago, Schumacher, Marquinho, Lenísio e o espanhol Kike foram outras das estrelas que mais brilharam por esse mundo fora.
Universitários com lição estudada
Se a nível de clubes e da principal Selecção Nacional as provas internacionais não correrem de feição para as cores lusas, o mesmo não se pode dizer das Selecções Universitárias. Sob o comando de Orlando Duarte e Jorge Braz, a Selecção Nacional masculina conquistou pela primeira vez na história um Campeonato do Mundo, enquanto a turma feminina alcançou um brilhante segundo lugar no Mundial do Brasil. A juntar a estes fantásticos resultados, André Sousa e Daniela Ribeiro ainda conquistaram os prémios de melhores guarda-redes do mundo.
Despedida de André Lima
O ano de 2008 ficou ainda marcado pela despedida das quadras de uma das maiores referências do Futsal português. André Lima colocou um ponto final na carreira de jogador para abraçar o comando técnico do Benfica. O mais internacional português de todos os tempos deixou um vazio nos palcos (inter)nacionais que muito dificilmente será preenchido, mas continuará a trabalhar prol do Futsal. Se conseguir ser como treinador aquilo que foi como jogador será um dos melhores do mundo.
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