Morte de jogador de futsal faz mãe reviver drama de 16 anos

Caso Robson fez mãe relembrar a perda do filho, que também morreu em acidente na quadra

Quando viu na TV o caso do jogador de futsal que morreu ao ser atingido por um pedaço de madeira dentro da quadra, a doméstica Vandair da Silva Caetano, de 62 anos, sentiu um forte aperto no peito. Era como se compartilhasse do mesmo sentimento daquela mãe, que falava do filho com ternura e não se conformava com a fatalidade.
Saber da história de Robson Rocha Costa, que morreu no domingo de 7 de março, um dia depois de ter o corpo perfurado pela tábua de uma quadra de futsal em Guarapuava, no interior do Paraná, fez com que ela voltasse a sentir a dor pela perda do filho, anestesiada há mais de 16 anos.
Dona Vanda, como é conhecida no bairro onde mora na pacata Igarapava, perto da divisa de São Paulo com Minas Gerais, teve a memória enfraquecida pelo tempo e pela tragédia de ter enterrado um filho ainda jovem. Mas os anos não apagaram a lembrança do dia 5 de setembro de 1993, data que aparece na lápide de Reginaldo da Silva Caetano.
O filho dela morreu quando tinha 23 anos, mesma idade do ex-jogador de futsal do interior do Paraná. Mas as coincidências entre os dois casos não param por aí. Assim como Robson, Reginaldo também estava noivo e pretendia casar quando o seu corpo foi perfurado por um pedaço de madeira de uma quadra de futsal.
Era uma quinta-feira quando ele tinha saído para treinar com o time que participaria de um campeonato da cidade. Mas um carrinho dado durante o treino mudou a história do time e da família de Reginaldo. Um pedaço de madeira saiu do piso e perfurou o seu corpo, a exemplo do que aconteceu com o jogador do Clube Atlético Deportivo de Guarapuava.


O último contato entre mãe e filho
Dona Vanda ficou ao lado de Reginaldo na van que o levou para um hospital em Uberaba, no interior de Minas Gerais. Ao ver a história de Robson, ela relembrou dos últimos momentos com o filho, que apertava a sua mão com força e reclamava da dor por causa do ferimento. Foi a última vez que dona Vanda viu o filho com vida. "Ele ficou no hospital porque o médico disse que ele precisava ser operado", disse dona Vanda.
No dia seguinte, Reginaldo recebeu a visita de um irmão, pouco depois de ter sido operado e perder um rim. "Ele disse que estava bem, que iria se recuperar. Foi a última vez que conversamos", lembrou o pintor Ronaldo Caetano, de 41 anos. Na época, ele tinha 25. Depois da morte do irmão, Ronaldo se mudou para São Paulo, onde perambulou por 5 anos. "Não queria mais ficar por lá. Tudo fazia com que eu lembrasse do meu irmão", explicou.
Quando a mãe conseguiu visitar Reginaldo, três dias depois dele ter sido internado, já era tarde demais. Ouviu dos médicos a amarga notícia da morte do filho, que não resistiu aos ferimentos. "Depois disso, fiquei duas semanas internada no hospital, porque não queria comer e não dormia. Eu não queria mais viver", lembrou.
Na época, o ginásio da cidade ficou interditado por 3 anos, para reformas. Com o tempo, dona Vanda conseguiu retomar a sua vida, embora tivesse que conviver com a lembrança constante do filho. Depois de 16 anos da tragédia, era um sofrimento adormecido. Mas ao saber da história do jogador de futsal que morreu no interior do Paraná, dona Vanda sentiu, mais uma vez, a dor de uma ferida que nunca vai cicatrizar.

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